quarta-feira, 5 de agosto de 2009

CORONA, Paul Celan

Da minha mão o outono come sua folha:somos amigos.
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:
o tempo volta à casca.

No espelho é domingo,
no sonho se dorme,
a boca fala a verdade.

Meu olho desce ao sexo da amada:
olhamo-nos,
dizemos-nos o obscuro,
amamo-nos como ópio e memória,
dormimos como vinho nas conchas,
como o mar no raio-sangue da lua.

Ficamos entrelaçados à janela, eles nos olham
da rua:

está na hora de saber!
Está na hora da pedra começar a florescer,
de um coração golpear a inquietude,
está na hora de ser hora.

Está na hora.