quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Joel

Sensação de estar só no mundo
Absolutamente e sem Bandeira.

!Coisas perdidas
Mundos deixados
Pessoas transformadas
Saudades insistentes
Fossos latentes!

Como aquele menino do farol
O menino a quem olhei nos olhos,
perguntei o nome: - Joel.
...E a quem não dei um real.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cássia Eller e Maria Gadu

Lembro-me ainda hoje do penúltimo show da Cássia Eller, uns três meses antes de sua morte: em São Paulo, outubro/2001 (?), não sei exatamente o nome da casa de show também (Tom Brasil?), mas me preparei toda, feliz por estar em São Paulo e, mais ainda, por poder assistir a um show que saberia maravilhoso, afinal já a havia visto outras vezes sempre com o mesmo espanto e admiração.

Ela era a minha cantora, aquela que me emocionava só de cantar “atirei o pau no gato”.

“Com você...meu mundo ficaria completo” foi memorável e me marcou por tudo, desde o F. que conheci lá e que, por azar do destino, me impediu de ir conversar com ela, já que havíamos, eu e minhas amigas, preparado tudo para ir até o seu camarim: era a primeira vez que pagava o mico de tentar conversar, digamos assim, com meu ídolo. Não fui, o F. me roubou e perdi a minha foto com Cássia Eller e aquela que seria a minha única e última oportunidade de estar com ela.

Pois é, quando em dezembro/2001, passando final de ano na casa da minha mãe, ela me chama: - Ei, Tita, aquela cantora que você gosta morreu, tá na televisão.

Levanto, achando que minha mãe não saberia de quem se tratava, afinal ela é daquelas que no máximo ouve padre Fábio de Melo, e, fatalmente, estaria enganada, corro pra TV, mas, de fato, Cássia Eller havia morrido.

Sofri, não acreditava: como que eu ficaria sem Cássia Eller?

Nunca mais a ouvi sem aquele pesar n’alma, é sempre um nó, um aperto que me dá, saudade incerta, voz sem dono... Queria-a viva, com a possibilidade de novas músicas, novos shows.

Tempo passa e agora me aparece Maria Gadu: amor à primeira vista, voz linda, repertório bom, uma pérola!

Novas emoções a moverem o mundo na música e na vida!
Longa vida a Maria Gadu!

http://www.youtube.com/watch?v=q5u0uPHDYhg&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=_A6Cs2WTRdY&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=bD0YGQTBBgM&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=Ph-pLZEVWGs&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=ACGw3Jj_1Jc&feature=related

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Teresa e outros anjos

Noite caótica. Saio para encontrar com uma amiga, e, na subida do Colorado, uma peça do meu carro quebra em plena rodovia. Carros buzinando na minha cabeça, mantenho a calma, embora com as pernas tremendo, acendo o meu pisca alerta e o do carro e me entrego a Deus, rogando para que ninguém batesse em mim nas minhas tentativas vãs de sair com o carro, principalmente naquele lugar ermo e escuro.

Tento por meia hora e nada. Passa um anjo (sempre aparecem anjos na minha vida nos momentos mais críticos) que me tira do sufoco. Pergunto, constrangida, quanto devo a ele, cuja resposta é "nada", "que é isso?", afinal, existe algum pagamento para alguém que a resgata num lugar, àquela hora, como se fosse seu amigo há milênios?

Além de tudo, o anjo me leva até minha amiga, também um outro anjo em forma de gente, a Tê, Teresa, Terezinha ("E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas" - Manuel Bandeira).

Tanta gente boa no mundo, meu Deus!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O homem, o cachorro, o jegue e a gravata

Saio no meu quintal, minha pequena varanda da qual vejo a lua e o mundo, e, pra variar, vejo um ser humano puxando um cachorro, como o homem que puxava o jegue no sertão de outrora, com a diferença "sutil" que no pescoço dele estava amarrada uma corda, quer dizer, uma gravata.

Inquieta, sigo-o ate vê-lo sumir lá na esquina da farmácia e o dito continuava com a corda no pescoço e fico a me indagar: o que faz um homem, num calor que lembra Palmas e Cuiabá, andar de gravata amarrada no pescoço, ainda que num mero passeio noturno com seu cachorro faceiro?

Só pode ser doido, pensei. Só pode ser doido, pensei de novo.

Sem resposta, precisei pensar de novo: talvez o doido não tivesse tido tempo pra tirar a gravata ou se esqueceu ou talvez fosse friorento e, nesse frio de 38 graus acima de zero, ele tivesse sentindo calor ou talvez ele não quisesse se passar por um mero carregador de jegues e se ornamentou pra parecer que levava um cachorro.

Maybe! E eu com isso? O cachorro tava feliz, o homem aparentava felicidade, todo elegante sendo puxado por uma gravata... e eu? Ah!!!!!!! Eu que estava precisando de um nó nos meus neurônios para (des)compreender o homem, o cachorro, o jegue e ela, a gravata.

MARINA SILVA no El País (matéria retirada do UOL)


A ex-ministra do Meio Ambiente do Brasil (2003-2008) abandonou o Partido dos Trabalhadores (PT) porque o presidente Lula da Silva não apoiava suas "medidas drásticas" contra o desmatamento da Amazônia.Marina Silva tem uma imagem frágil, que sua biografia desmente.
Nascida há 51 anos em uma família muito pobre de seringueiros, trabalhou desde menina no campo como empregada e foi analfabeta até os 15 anos. Aprendeu a ler em um convento, antes de se dedicar ao sindicalismo e se transformar em estreita colaboradora do legendário ecologista Chico Mendes. Acabou se doutorando em história da arte. Casada, tem quatro filhos (de 21 a 10 anos).
Silva passou por uma longa trajetória política no PT sem perder força na defesa de suas ideias e sem que ninguém jamais a tenha acusado de corrupção. Seu desembarque há um mês no Partido Verde, de onde provavelmente disputará a presidência do país, causou um terremoto político.Em seu austero escritório no Senado, Marina Silva esforça-se para não fazer o menor ataque contra Lula. Inclusive responde com brincadeiras à acusação do presidente de que sua campanha será um "samba de uma nota só". "Ele está sendo generoso, porque me dá um dos lemas de sua própria campanha, que foi, essa sim, de uma nota só: 'Lula-lá'", ri. No entanto, a senadora toma cuidado para referir-se sempre ao progresso do Brasil como "um processo dos últimos 16 anos", isto é, que começa com Fernando Henrique Cardoso e não com Lula.

El País: O que mudou no Brasil desde a chegada de Lula?

Marina Silva: Houve algumas conquistas importantes. Por exemplo, em relação ao equilíbrio fiscal e à estabilização da moeda, o que permitiu atravessar a crise atual com certa tranquilidade. Com a chegada de Lula ocorreu um certo sobressalto, mas eu diria, como um dado muito positivo, que a democracia já está consolidada e tivemos avanços notáveis na agenda social. O Brasil tinha índices de pobreza inaceitáveis e nos últimos anos foram reduzidos em 19%.


El País: Por que a senhora deixou o governo Lula?

Silva: Não sentia que tivesse o apoio necessário para manter as políticas ambientais tal como foram concebidas. Isso aconteceu no final de 2007. Em três anos, nosso plano havia conseguido diminuir o desflorestamento em 57%, mas como não foram cumpridas outras diretrizes na Amazônia voltou o risco de que se retomasse a destruição da selva. Tomamos medidas drásticas, como proibir o crédito para empresas ilegais, levar à prisão não só quem destruía a selva mas também quem plantava, produzia e exportava. Criou-se uma grande tensão e tanto eu como minha equipe vimos que o governo estava disposto a abolir essas medidas.
El País: Há um grande debate sobre até onde a Amazônia pode se desenvolver.

Silva: O termo socioambientalismo, que significa integrar a proteção da selva ao desafio de promover a inclusão social, foi cunhado na Amazônia a partir da luta de Chico Mendes. Para nós, da Amazônia, essa visão da defesa do meio ambiente nunca foi interpretada em termos de conservar essa terra como um santuário inviolável. Desde o início todo o esforço tratou de integrar o meio ambiente e o desenvolvimento econômico em uma mesma equação, sabendo que não é possível repetir na Amazônia os erros que foram feitos com a mata atlântica (da qual restam apenas 5%) ou do cerrado (o planalto brasileiro, cuja destruição já chegou a 50%). A Amazônia foi destruída em 17%.
El País: A senhora culpa Lula pelo fracasso da política ambiental?
Silva: Não se trata de personalizar. O problema de assumir a economia sustentável como estratégia é algo complexo que ainda não existe em nenhum lugar do mundo e que nenhum partido assume completamente. O que o Partido Verde e eu estamos fazendo é inovador e não podemos demonizar os outros porque ainda não o fizeram. O que se deve criticar é que se continue perdendo tempo quando já é possível fazer que o Brasil dê esse passo, porque reúne as melhores condições para tanto.

El País: A senhora manteria a política econômica do governo Lula?

Silva: Os processos são cumulativos. Não existe espaço para processos niilistas em relação ao já conquistado. Existe um reconhecimento de que nos últimos 17 anos o Brasil conseguiu o equilíbrio fiscal e a estabilização da moeda, junto com a grande inovação que Lula introduziu que foi a questão da distribuição da renda. Tudo isso deve ser preservado. Creio que temos espaços para melhorar e que já não existe o perigo de se destruir tudo o que foi construído nos últimos 16 anos.

El País: Depois da descoberta de novas jazidas de petróleo e gás no Brasil, começa-se a falar em um certo nacionalismo.

Silva: O Brasil tem uma economia de mercado, aberta. É legítimo que os países queiram usar seus recursos naturais em benefício de sua população, o que não significa que vamos nos fechar como uma ilha. Hoje é impossível pensar em fechar portas ao capital estrangeiro. O que acontece é que às vezes algumas empresas estrangeiras gostariam de atuar aqui com uma flexibilidade da legislação ambiental que não têm em seus próprios países. E isso não pode ser.

El País: Um dos grandes desafios do Brasil é a corrupção, que se incrustou em todas as instituições de forma alarmante.

Silva: Mesmo reconhecendo que o Brasil tem problemas graves de corrupção, eu não ousaria dizer que Lula não fez nada a esse respeito. Ele implementou sistemas de controle e ampliou significativamente a capacidade de investigação da Polícia Federal. Quando fui ministra do Meio Ambiente, levamos à prisão 725 pessoas. Muitas delas eram funcionários públicos. Sem a liberdade de investigação dada à polícia pelo governo, isso teria sido impensável. Se hoje se vê mais a corrupção é porque se investiga mais.

El País: Em um hipotético segundo turno em 2011, a senhora daria seu voto à candidato de Lula ou ao candidato social-democrata, de oposição?

Silva: Não posso falar ainda como candidata, mas creio que o debate deve ser sobre ideias e que a ética deve prevalecer. Eu nunca mentiria a respeito da honra de alguém para ganhar eleições. E de um ponto de vista político creio que, se me apresentar, será com a aspiração de chegar a esse segundo turno. Eu gostaria de fazer algo parecido com o que o PT fez há 20 anos, quando rompeu com os partidos tradicionais. Chegou outra vez o momento de unir todas as forças sociais, políticas e intelectuais do país, para criar uma nova estratégia para o Brasil.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O "quase" amor

Quando não estou a fim de estudar aquelas matérias de concurso, sempre chatas, que me tiram o humor e o gosto pela vida, fico buscando qualquer coisa que me distraia, tento me enganar: ligo a TV, assisto à novela, busco a internet, lembro de histórias, chego aqui, na minha pasta Word e conto histórias pra mim mesma, faço de mim minha criança, acalento-me e vivo.

Então tô aqui, de novo, pra falar do amor, do quase amor de Luís e Luísa. É brincadeira? Nãããããããããão!

Joana conheceu João ou Luís conheceu Luísa, tanto faz, os nomes não importam e nem é preciso dizer como se conheceram nem porque nem quando.

O fato é que se encontraram. Ele foi buscá-la no aeroporto, ela tímida, havia procurado roupas e roupas antes da viagem, nenhuma havia ficado bonita e marcante o suficiente para um primeiro encontro, mas como não poderia ir pelada, teve que escolher aquela, se achando horrível, afinal não gostava de se maquiar, a cara tava limpa, mas resolveu colocar um salto 15 pra impressionar, 1,85m, ele não poderia ficar indiferente, mas o susto dela foi maior, se deparou com um homem alto, louro, lindo, charmoso, quase um George Clooney.

Aproximaram-se um do outro, beijo na boca de leve; ela, querendo morrer de tanta vergonha; ele, seguro, leonino, nem aí, leve e solto, abraçando-a, ela suando e se desfalecendo. Estava prestes a ter uma daquelas típicas crises de pânico, mas ele a socorreu, sugeriu um café ali mesmo, ela aliviada, pediu uma água, olhava pra ele: - Perfeição demais! Dizia pra si mesma. –
Não queria aquilo! Nunca gostara de homens tão belos e perfeitos. Sempre ficara com um pé atrás.

Conversaram, falaram da ansiedade, do desejo, de se conhecerem melhor, mais beijos, menos conversas e ela se apavorou. Pediu licença pra ir ao banheiro. De lá, com apenas a bolsa a tiracolo, passagem de volta na mão, foi pra livraria, comprou uma revista, sentou-se num canto, escondeu a cara como se estivesse lendo ou como se fosse um bandido, à espera da partida.

Nunca mais voltou, nunca mais o viu, ficara ele com o seu melhor: a mala com suas melhores roupas e a sua pose de libriana dramática e neurótica, como uma noiva em fuga.

Ainda hoje, ele a intriga. Luísa o segue, de forma sorrateira, sabe da sua vida, da sua solteirice incansável, suas viagens, dos seus mundos. Ele vive; ela, escondida, perscruta e sonha.

sábado, 12 de setembro de 2009

Ensinamento, Adélia Prado

Adélia Prado está hoje comigo, me rodeando, me ensinando:

ENSINAMENTO

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente,
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.