sábado, 22 de agosto de 2009

DECIFRA-ME ou DEVORO-TE

Tenho acompanhado a polêmica sobre a legislação que limita o uso de
cigarro em São Paulo, inclusive, ontem, vi que a Advocacia-Geral da União emitiu parecer pela inconstitucionalidade da lei estadual, ou seja, talvez não dure muito por questão meramente formal.

Deixando as filigranas jurídicas de lado, também vi opiniões diversas, favoráveis e contrárias, de médicos, professores universitários, jornalistas e até de Antônio Fagundes, que disse numa matéria da Folha que iria “peitar” a lei, porque precisava encenar uma peça que havia um fumante em cena (e a liberdade de expressão no teatro, ambiente fechado, como fica?).

Bom, já fui não fumante, fumante, não fumante, enfim, algumas idas e vindas no vício, atualmente, fumante, e, ainda assim, absolutamente favorável à limitação do uso de cigarro a ambientes abertos. Ninguém tem que ser obrigado a aguentar o fumacê dos outros.

Aliás, pudéssemos escolher, nós não fumaríamos em nenhum lugar, deixaríamos o cigarro para sempre, porque é horrível a escravização da vontade e o cigarro aniquila a nossa vontade, aliás, qualquer vício, mas dizem os especialistas que o cigarro ainda é o vício mais difícil de se combater, diante da fidelidade do fumante.

Na verdade, comecei a fumar já velha, à época da faculdade de Psicologia, quando já tinha meus 23 anos, normal que era o uso de cigarro naquele ambiente, até fazia parte do status dos futuros psicólogos, embora já tivesse dados uns tragos eventuais com uma prima, fumante desde sempre e feliz, sem nenhuma pretensão de deixar o vício.

Mas, começar a fumar mesmo foi à época da Psicologia e o vício me pegou.

Parei uns dois anos depois, antes um pouco da gravidez de Julinha. Fiquei uns anos sem fumar, acho que uns 3, depois voltei a fumar de vez em quando e acabei de novo viciada. Parei de novo uns 3 anos e voltei a fumar prestes a me mudar pra Brasília, Natal de 2006, entediada com a data que sempre me entristece (desculpa esfarrapada de fumante!).

Nos últimos 3 anos de vício, já parei 1 mês, 2 meses, 1 semana, dias, um dia e por aí vai, sempre parando no domingo e retornando na 2ª à noite.

Dito todo o calvário, sei e sinto os prazeres do cigarro, mas que é um saco ser viciada, isso é!

Primeiro, a questão da saúde, irrefutável, principalmente com meu currículo de 3 pneumonias, bronquites, o chamado “pulmão fraco” desde pequena e ainda fumante; depois, tem a questão da vaidade: adoro óleos, cremes no corpo, ficar cheirosa e isso é impossível sendo fumante, tanto é difícil que tomo milhares de banho ao dia, escovo os dentes milhares de vezes ao dia, lavo o cabelo todos os dias e o cheiro (?) continua lá, firme e forte.

Além disso, tenho Júlia que, felizmente, detesta cigarro e vive me perguntando: - Mamãe, você quer virar caveira?

Ah, sem falar na minha outra família, eu, a única Janis e fumante, imagine o que eu aguento!

De todo modo, andava tranquila porque, como meu ex-namorado era fumante, a gente se suportava nos cheiros e era maravilhoso fumarmos na varanda juntos, conversando, bebendo, namorando, era tudo de bom!

Mas, agora sozinha, bem mais solitária, voltei a ter, paradoxalmente, a firme convicção de ter que, definitivamente, deixar os cigarros antes dos 40 porque eu quero e devo, sem necessitar da intervenção do Estado.

PS: O título foi sugestão de Júlia, minha filha sabida!

21 de agosto de 2009: lideranças e outros impróperios

Festa tardia em homenagem ao dia dos pais no meu trabalho: como sempre, aquela chatice, mas honrando as calças e as saias, resolvo ir.

Homenagem feita, retorno pra casa, e, infelizmente, tive a infelicidade de visitar um dos pub's da capital. Triste ideia.

Entrei, paguei 15 reais (meia) pela entrada, música péssima, resolvo ir embora e o drama começa.

Como a fila estava enorme, passei pelo fumódromo, para dar um tempo para pagar e me mandar, afinal, de música chata me bastava a seleção estilo Léo Jaime e Cia que aguentei na "minha" festa.

Engano total, no Brasil ou em Brasília não é tão simples assim. Fila grande, em torno de umas 10 pessoas entram na minha frente, "furando" a fila descaradamente. Como cidadã que sou e talvez mais velha, não me permito suportar determinadas situações: disse, em alto e bom tom, para animar todos os macacos passivos, que aquilo era impossível de acontecer num país que se pretendesse uma democracia, blá, blá, blá... Insatisfeitos, os ditos cujos, me ofenderam da melhor ou pior forma possível, desde "mal amada" a outros impróperios que o meu blog ou eu mesma me proíbo de mencionar.

Na fila que se prolongava, apenas um homem jovem, mulato (não por acaso, acho eu), levantou a voz e se dirigiu ao segurança, exigindo respeito à fila, o qual quase espancado, voltou ao seu lugar, reclamando e esbravejando, sem poder nada mais fazer: o segurança não lhe deu a menor atenção.

Eu também, diante da situação, exigi, no mínimo, respeito e uma melhor observação quanto à fila que se formava para que não houvesse uma confusão daquelas, já que as pessoas não se orientavam da f0rma que deveriam.

De novo, recebi os piores insultos, mas ameacei, briguei, xinguei, chamei todos de Sarney's, uma vez que, pelo visto, na primeira oportunidade que tivessem, fariam tal qual aqueles que criticavam.

Riram, gargalharam de mim, porque, segundo alguns deles, votaram no Lula (ou seja, estão isentos de qualquer crítica): -Então tá me comparando a Sarney, sua mal amada? Só porque tô na sua frente? Quer pagar na minha frente, tá apressadinha, eu deixo você passar...

Brasília, agosto de 2009, me aquietei, paguei minha conta, voltei pra casa e, triste, não me reconheço como cidadã, eu sou apenas mais uma que briga e não é ouvida, quase um mercadante, afora a liderança que não entreguei, não recebi e não recuei.