quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

As Estrelas

Saí ainda há pouco até a varanda pra fumar e eis que me deparo com um céu...oh, que céu!

Havia muitas estrelas brilhando, mas vi só algumas...como tudo mundo sabe pra se ver muitas, muitas estrelas, há que está numa roça distante onde não tenha tanta luz artificial como aqui na cidade grande.

Ao longe, voava um avião que ia todo piscando com luzes e avisando que iria passar...decerto ele estava era querendo imitar as estrelas, e elas, soberanas, nem se importaram.

Foi assim que, durante uns minutos, tive uma sensação de felicidade que deveria sempre estar comigo e com todos.

É uma sensação de estar inteira, completa, com um preenchimento de um vazio perdido nos rincões da nossa memória mais primitiva.

Fiquei parada. Joguei cigarro fora. Silêncio. Sorriso. Bem-estar. Doçura no espírito. Calor no corpo. Alegria.

Entrei pra dentro de mim e de minha casa com amor aos torrões pra dar e receber.

Chamei meu bem, declarei amor de corpo e alma...Dormi, sonhei, acordei. Escrevo.

Mas a palavra pode remediar o sentir? Alguém que me lê pode sentir o que eu senti? Ou mesmo se deleitar e querer sentir o que eu senti ao seu modo e ir procurar a estrela?

A palavra pode me ultrapassar e levar esse céu – com estrelas, avião e tudo – ao outro aí da varanda ao lado?

Ainda que sim ou que não, eu, metade gente, metade roça, metade céu, nem tanta terra, mas tanto sonho, vejo estrelas que me inebriam em dia de lua crescente, sem chuva, fevereiro, 2010, Brasília.