quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A meio do caminho...


“A meio do caminho desta vida
Achei-me a errar por uma selva escura,
Longe da boa via, então perdida”.
(Dante)

Com que propósito vim mesmo para Brasília? O que faço aqui? Porque continuar aqui?

Tenho feito, repetidamente, essas indagações nos últimos dias. Não encontro uma resposta sensata como eu gostaria, já que somente o meu coração responde e coração é coisa com que se brinca e se vive e se alegra.

Mas não tô pra alegrias nem pra brincadeiras, tô mais pra tristeza e seriedade, no singular!

É que eu tô me tornando chata mesmo e tudo tem ficado meio cinza ou azul demais pro meu gosto nos últimos dias.

É casa que não se vende, dinheiro que não chega, apartamento que não te quer, filha que quer ficar, namorado que não quer voltar e dá-lhe agosto.

Não tô pra choramingas, aliás, tô, mas acho que quero decisões e como é que libriana decide quando não quer decidir se quando quer decidir já é tão difícil, imagine quando sequer sabe se quer decidir. Entendeu? Eu também não.

Bom, quando me mudei pra Brasília, tudo tava lindo, até me perder infinitamente na Asa Norte de 1h às 4h da manhã, rodando igual uma barata nessas tais de – esqueci o nome – seguir desconhecido que me trouxe sã e salva pra casa, e eu, dia seguinte, rua de novo, perdida de novo e me achando a própria Janis reencarnada...

Tempo passando, Niemeyer ficando velho, eu também, lá se vão quase 3 anos aqui e já não sei se fico, se vou, se não fico, se não vou. Coisa de lamparina, ops, libriana.

Hoje folhei o edital de remoção, tenho a possibilidade de me mandar de novo, porque, como meu emprego é federal, passados 3 anos de “enjôo” de lugares, dá-lhe, mudamos de novo e o circo continua.

Pensei: porque não João Pessoa, cidade pequena, arborizada, barata? Floripa? Ilhéus (ah, porque Itacaré é um pulo!), Salvador de novo? Palmas de novo e, até, arg, Goiânia de novo?

Mas meu rebento teima em adorar Brasília e, como mãe quer culpar filho e filho quer culpar mãe, eximo-a desde já, porque também, buá, quero ficar.

Mas tá tudo sem andar, tudo igual como nos outros lugares. Mudamos os lugares ou mudamos nós ou não muda nada ou só somos carregados?

Antes até saía à noite sozinha, embora a prosa ruim que aguentava porque a mentalidade é a mesma: homem sai sozinho, senta sozinho numa mesa, mas é mulher fazer isso e começa bobo a agir como bobo mesmo, mas até aguentava e não arredava pé, mas agora cansei, sobretudo cansei de não ter amigos (ou ter pouquíssimos), ando muito só, às vezes é ótimo, mas às vezes não é tão bom assim. E os programas? cinema, pub, ver a lua daqui de casa, um show (de novo Zeca Baleiro?), ver a ponte JK kkkkk...(só 500 milhões de reais?) e dá-lhe Brasília com o que redime tudo e todos: o CÉU.

PAUSA.

Minha filha se aproximou, “curiando”, leu e disse: - credo, mamãe, como você tá depressiva!

Bom, não é que estou mesmo? Paremos. Vamos deixar Brasília ou me deixar um pouco de lado. Por enquanto, fico.